quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Opinião - Um ano de Netflix!


Neste dia festivo, em que nosso serviço preferido de streaming completa um ano, vou gastar algumas linhas para fazer uma avaliação desses doze primeiros meses. A avaliação vem junto com experiências e impressões pessoais sobre o serviço nesse período.

A Netflix desembarcou no Brasil e em outros países da América Latina tentando repetir o sucesso do serviço nos EUA, onde tem impressionantes 24 milhões de assinantes. O lançamento chamou a atenção da mídia, bem como dos concorrentes (a Netmovies, cujo serviço em streaming parece com o da Netflix, adaptou seu preço do plano on-line para o mesmo da Netflix) e logicamente do público. E surgiram em vários lugares da internet (especialmente publicações e blogs de tecnologia) referências ao serviço, suas qualidades e problemas. Mas o fato é que no começo pouco se falava acerca do acervo de filmes do serviço - a não ser acerca da grande incidência de "filmes antigos". Nosso amigo Ricardo, do ótimo blog http://filmes-netflix.blogspot.com.br/, fez recentemente um levantamento não-oficial da quantidade de títulos presentes no serviço quando do início de suas atividades, totalizando 6.154 Vídeos, sendo 702 Títulos, 609 Filmes e 5.545 Episódios de séries. Mas se me lembro bem, no começo não era possível ver a lista de sugestões de conteúdo existente no serviço (hoje acessível pelo link https://signup.netflix.com/BrowseSelection ), portanto a assinatura era a única forma de conhecer o conteúdo do site.



 Um mês e meio após o lançamento, tomei coragem e me tornei assinante. Inicialmente pensava apenas em fazer uso do mês gratuito, para ver como era o serviço, já que ignorava os títulos que o catálogo possuía e me imaginava pouco disposto a assistir pelo computador, caso fosse a única opção para mim no momento. Logo de cara fiquei animado em ver alguns títulos bem interessantes ali, como a trilogia "De Volta para o Futuro", a série Ducktales que eu via quando criança, Lost, alguns filmes da Disney, Chaves, além de vários títulos da minha lista de preferidos. Minha primeira experiência de filme inédito assistido legalmente foi "Donnie Darko", em 23/10/11 - um ótimo filme, ainda que a imagem no serviço não seja lá muito boa (e infelizmente continua assim até hoje). Depois vieram "A Hora da Zona Morta" (Dead Zone), "Clube dos Cinco", "Jackass: O Filme", "Coraline e o Mundo Secreto"... bem, os filmes que vi até agora estão todos no blog, junto com minhas impressões sobre eles.



Como o serviço oferecia no começo a possibilidade de assistir pelo Playstation 2, fiz o pedido do CD no primeiro mês, e recebi rapidamente. Com isso, passei a usar a Netflix pelo PS2 até que o suporte do serviço foi suspenso, em 31 de março de 2012. Fiquei frustrado com o fim do suporte, liguei no atendimento para manifestar minha insatisfação e fiz até uma petição on-line pela manutenção dele, mas segundo a Netflix foi a Sony que determinou o fim do suporte (talvez para estimular o uso no PS3, creio eu). A questão é que para continuar a ver na TV os filmes, sem precisar comprar um videogame ou uma Smart TV, comprei um WDTV (o modelo WDBREC0000NBK, o único WDTV até agora certificado para o serviço na América Latina) e passei a usar o serviço por ele, o que faço até hoje. A vantagem é poder ver em HD, o que não era possível pelo PS2. E há pouco tempo, o aparelhinho também passou a ter a versão "Só para Crianças", já presente em vários dos dispositivos compatíveis. Estou satisfeito com minha experiência até agora, assistindo pelo aparelho, que também é uma mão na roda ao reproduzir diversos formatos de arquivos de computador.



Apesar de gostar muito do serviço, é fato que os problemas existem desde o começo também. O primeiro vídeo que assisti, do Lost, não tinha a opção de áudio original e legendas, e a imagem não era em wide. Desconheço se a imagem foi corrigida depois, mas sei que agora a opção do original com legendas já existe. Heroes ainda tem problemas com isso, pois alguns episódios só possuem dublagem, e outros não legendam os diálogos em japonês do Hiro, prejudicando imensamente acompanhar essa parte da história. Donnie Darko tem resolução baixa de imagem e apesar de começar em wide, fica em fullscreen com o fim dos créditos iniciais, e assim continua até o final do filme; Spaceballs começou sem as legendas em português, que podiam ser adicionadas manualmente no reprodutor de vídeo caso o filme fosse visto no computador, e só posteriormente passaram a integrar o filme; o seriado do Criss Angel só tinha áudio em espanhol, e também foi assim por um bom tempo; vários seriados tinham episódios faltando, e quando eu via isso desanimava imediatamente de tentar assistir por medo de perder a narrativa correta da história por conta disso. O problema do áudio original nos títulos acabou demandando uma resposta da Netflix, que em novembro de 2011 se comprometeu a oferecer áudio original com legendas em praticamente todos os títulos do catálogo, com exceção dos infantis, até o final de janeiro deste ano. E cumpriu sua promessa. A correção de problemas nos títulos acontece sempre, mas alguns demoram muito para serem corrigidos. Ainda que tardia, a correção da Apple TV possibilitou a troca de áudio e legendas, o que não era possível pelos usuários até então. E no meu WDTV, ainda aguardo uma correção, que náo sei se vem do fabricante ou da Netflix, para o problema de ter que digitar login/senha toda vez que for logar no site. Engraçado que o PS2 também tinha o problema, pois o save no memory card dava erro e forçava o usuário a digitar login e senha toda vez que fosse usar o serviço. Ou seja, ainda há muito trabalho a ser feito para oferecer uma experiência aos assinantes livre de incômodos.




Apesar disso, a experiência com o serviço melhorou muito nesse primeiro ano. Algumas Smart TVs passaram a ter o serviço, que também chegou nos "iGadgets" e aparelhos Android. No XBox 360 o serviço cresceu e agora tem novos recursos. Surgiram a seção "Só para Crianças", o filtro de conteúdo adicionado recentemente, o Vale-Presente... a empresa chegou ao Brasil já com acordos de conteúdo com a Televisa e a CBS, tendo durante este primeiro ano realizado novos acordos com a Fox, Telefilms, MTV, e mais recentemente com a TV Cultura e Band, sendo que estes últimos ainda precisam começar a valer para analisarmos a qualidade do conteúdo.

Hoje, ao olharmos para a evolução da Netflix nesses novos mercados abertos a partir desse último ano, os números dão conta que o serviço já possui 1 milhão de assinantes em toda a América Latina (marca atingida no nono mês), e outro milhão no Reino Unido e Irlanda, atingido em apenas sete meses de existência por lá. Os títulos cresceram bastante, e houve a inclusão de muita coisa boa também. Vale citar alguns ótimos lançamentos, como Jogos Vorazes, O Artista, a coleção James Bond, várias séries de peso da Fox e também de outros canais, que fizeram o ano realmente valer a pena, e surgem como sinais de que o serviço tem se esforçado para agradar ao público e crescer, em assinantes e em popularidade. No momento, acho bobagem que os usuários continuem esperando por muitos filmes recentes no serviço. O ritmo de lançamentos deve melhorar no futuro, mas não será nunca equivalente a uma locadora. Melhor pensarmos sempre como um serviço de bons filmes, independentemente de quando foram lançados, com vários bônus de filmes e conteúdo que talvez não conseguíssemos achar em outro lugar. E trata-se de um serviço legalizado e divertido, que pode ser uma opção de entretenimento familiar boa, barata e repressora da pirataria. Nesse sentido, e com o apoio de seus clientes, a Netflix terá um bom futuro no Brasil. Aos poucos as pessoas entenderão melhor o serviço, e creio que muitas críticas infundadas do começo sumirão. Assim que eles tratarem melhor seus erros e investirem com equilíbrio no conteúdo, cada vez mais a Netflix fará parte do nosso cotidiano e se tornará referência em streaming em todo o mercado brasileiro.


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